terça-feira, 2 de setembro de 2008

Comunicação e Linguagem



Motoristas se comunicam pela buzina. Concluo que esta resposta sonora substitui a fala, o olhar, o gesto e qualquer outro tipo de linguagem que um ser humano possa expressar. Nesses meus vinte e poucos anos dentro dos ônibus da vida, tento compreender que tipo de linguagem é essa. O que quer dizer essas buzinas?

A segunda teoria da minha pequena tese é: Motorista são felizes. Pelo menos é o que parece quando estão em equipe. Sempre cumprimentam uns aos outros com muita receptividade.

Comecei então a observar esse tipo de comunicação através do som que vem do veículo. Primeiro, os motoristas só buzinavam para os colegas da mesma empresa em que trabalham. Hoje, já percebo que a união está presente também com os que fazem outras linhas. Mas, isso não ocorre sempre. Os motoristas criaram grupos dos que buzinam. Um motorista de micro – ônibus só buzina para outro motorista de outra empresa, se esse estiver dirigindo também um micro – ônibus.

Antes, essa espécie ao qual eu me refiro, buzinavam muito para garotinhas nas ruas como sinal de paquera. Tipo, duas buzinadas curtas e seqüentes serviam para chamar a atenção da garota que estava no ponto. Hoje, isso já está cafona para eles, não tenho percebido mais esse tipo de coisa. Nunca mais ouvi duas buzinadas curtas e seqüentes.

Outra coisa que nunca mais encontrei nos ônibus são as menininhas que sempre sentavam nos bancos mais próximos do cobrador e/ ou do motorista. Geralmente o assunto em pauta era sobre linhas de ônibus, horários de ônibus, numeração de ônibus e galinhagem mesmo.

Existem três características que qualquer um poderia perceber quem são essas garotas. Sempre elas estavam sentadas em bancos próximos ao cobrador e /ou motorista. Além de sentadas nesses lugares estratégicos, como se fossem devidamente demarcado, elas usavam farda escolar – geralmente alunas de colégio público. A terceira e última característica, que por sinal todos já conhecem, é que além de sentarem perto deles, de usarem farda, elas tinham a inseparável toalhinha, sempre na mão, junto com o classificador para enxugar o suor ou soar o nariz.

Nessa observância conclui que, as tais toalhinhas eram usadas como símbolo, algo que apenas cobradores, motoristas e essas meninas entendiam qual o verdadeiro significado e significante. Era realmente um objeto de estima, algo que nem a semiótica consegue explicar.

Considerações finais

Não se vê mais rodoviários com toalhinhas no pescoço, nem com o bigode pintado de lôro. São poucos os que ainda utilizam os suportes terapêuticos com bolinha de madeira que previnem as hemorróidas. Eles evoluíram, virou gente, estão querendo deixar a fama de trogloditas cafonas para trás.

Um comentário:

MARYJANE OLIVEIRA disse...

shdfausfgufg muito boa essa!! tinha observado isso já há algum tempo.
E é verdade: essa correspondência entre eles é real e acontece. Muito massa! bjs!